19 de janeiro de 2022
V. E. Schwab é uma das autoras mais
faladas do “bookstragram” no momento, inclusive sigo algumas pessoas que juram
de pé junto dela ser uma das melhores escritoras de fantasia da atualidade, e
nossa, para mim o conceito então está bem baixo.
Eu
decidi conhecer a autora pelo livro “Um Tom mais escuro de Magia” e não pelo
premiado “Vilão” pela temática, mas talvez tenha começado pelo pior dela (eu
espero, porque se esse foi o melhor...). Bem, mas vamos pros comentários, não?
Essa
postagem não vai conter muitos spoilers, pouca coisa, quase nada, então se você
não leu, pode ficar sossegado, a intenção não é fazer uma resenha completa e
sim apontar as coisas que me decepcionaram na leitura e a primeira coisa que
começo a falar é o próprio enredo.
A
base da história é muito criativa. Quatro Londres em quatro mundos separados
que um dia foram ligados e hoje apenas dois magos podem atravessar de uma para
a outra. Mas a criatividade acaba ai, todo o resto é entediantemente previsível.
Acredito que há muitas obras que conseguem se destacar usando o clichê. Como
Roda do Tempo, Academia de Vampiros, etc. Mas neste livro a autora seguiu uma
linha tão definida e sem sal que você sabe até o que os personagens vão falar
em momentos de tensão e nas alfinetadas um para o outro, parece que ela colocou
todos os livros famosos em um software e as falas e acontecimentos foram
gerados por uma inteligência artificial. Não tem nadinha de surpreendente ou
interessante. Desde os problemas, até as falas dos vilões.
Outra
coisa no que se diz respeito a narração, é que Um Tom mais Escuro de Magia não
parece um livro, parece um roteiro de série. Toda a narração é simples demais,
curta, entrecortadas pelos capítulos, você consegue sentir exatamente cada
capítulo pensado em um episódio de 40 minutos. E não que todo escritor de
fantasia precisa escrever centenas e centenas de páginas para um acontecimento,
mas aqui a autora vai totalmente pro lado contrário. Parece uma narração
apressada, de uma geração que quer ler 40 livros em 1 ano pra resenhar no instagram
e bola pra frente. Parece uma narração para pessoas que nem gostam de verdade
de fantasia e só querem seguir a história como se estivessem maratonando uma
série.
Na
verdade, para ser muito sincera, tirando a ideia base do livro, não teve um
único ponto que eu tenha gostado. Esse livro me passa a impressão de ter sido
escrito às pressas só para seguir uma linha de produção. E outro detalhe que
senti sobre ele é uma falsa faixa etária. Todo mundo me falou, “se o livro está
como V. E. Schwab é porque é pro público adulto,
se está Victoria Schwab é pra criança/adolescente”, e isso te coloca numa
perspectiva totalmente errada. Nunca li um livro “adulto” tão infantilizado na
minha vida. Me parece que quem criou a faixa etária desta história é aquelas tias
velhas conservadoras que se tem um tico de sangue e um tapa na cara já
considera inapropriado. Ou talvez a pessoa tenha pensado na Sarah J. Maas que é
só ter sexo que já é adulto?!
Se alguém tivesse me falado que Um Tom Mais
Escuro de Magia era infanto-juvenil, para uma faixa etária de 11 anos, eu não
teria ficado decepcionada. Porque sim, para mim a narração se assemelha a livros
como “A saga de Darren Shan” e “O Pequeno Vampiro”, e nem diria que com mais
sangue ou violência, porque são histórias com seus pesos de terrorzinho.
Eu não sei qual foi o conceito de
tabelar esse livro como adulto, é preciso de muito mais que uns ataques de
espada e sangue pra considerar uma história adulta. E aliás, coisas como Cidade
dos Ossos tem muito mais ação e sangue e nunca foi considerada ficção fantástica
adulta, então realmente não sei qual foi o critério. Talvez apenas a vontade da
autora da história dela ser mais madura do que realmente é.
E por último, porque como eu falei,
me decepcionei com tudo, é sobre os personagens. Você simplesmente não consegue
se apegar a eles. Eles são rasos demais, mudam de personalidade e fazem coisas
nas páginas seguintes que contradizem as anteriores. E quando eu digo “contradizem”
não é no sentido “o humano é complexo e cai na hipocrisia” e sim uma construção
falha de linearidade no desenvolvimento da história.
Se vocês acham que estou sendo hater demais,
vão na Amazon, na versão em inglês do livro e cliquem nas avaliações de duas
estrelas.... vocês vão ver que estou sendo até boazinha com o livro. Eu li
totalmente me obrigando porque ganhei o 1 e o 2 de aniversário, e ainda me questiono
se vou investir em tentar terminar. Provavelmente não.
Ainda queria tentar ler outras sagas da autora, mas sinceramente, não sei se vou encontrar ânimo para isso.
Até a próxima!
0 comments :
Postar um comentário