A maior decepção de 2021 – Um Tom mais escuro de Magia

 

19 de janeiro de 2022

    V. E. Schwab é uma das autoras mais faladas do “bookstragram” no momento, inclusive sigo algumas pessoas que juram de pé junto dela ser uma das melhores escritoras de fantasia da atualidade, e nossa, para mim o conceito então está bem baixo.

    Eu decidi conhecer a autora pelo livro “Um Tom mais escuro de Magia” e não pelo premiado “Vilão” pela temática, mas talvez tenha começado pelo pior dela (eu espero, porque se esse foi o melhor...). Bem, mas vamos pros comentários, não?

     Essa postagem não vai conter muitos spoilers, pouca coisa, quase nada, então se você não leu, pode ficar sossegado, a intenção não é fazer uma resenha completa e sim apontar as coisas que me decepcionaram na leitura e a primeira coisa que começo a falar é o próprio enredo.

        A base da história é muito criativa. Quatro Londres em quatro mundos separados que um dia foram ligados e hoje apenas dois magos podem atravessar de uma para a outra. Mas a criatividade acaba ai, todo o resto é entediantemente previsível. Acredito que há muitas obras que conseguem se destacar usando o clichê. Como Roda do Tempo, Academia de Vampiros, etc. Mas neste livro a autora seguiu uma linha tão definida e sem sal que você sabe até o que os personagens vão falar em momentos de tensão e nas alfinetadas um para o outro, parece que ela colocou todos os livros famosos em um software e as falas e acontecimentos foram gerados por uma inteligência artificial. Não tem nadinha de surpreendente ou interessante. Desde os problemas, até as falas dos vilões.

        Outra coisa no que se diz respeito a narração, é que Um Tom mais Escuro de Magia não parece um livro, parece um roteiro de série. Toda a narração é simples demais, curta, entrecortadas pelos capítulos, você consegue sentir exatamente cada capítulo pensado em um episódio de 40 minutos. E não que todo escritor de fantasia precisa escrever centenas e centenas de páginas para um acontecimento, mas aqui a autora vai totalmente pro lado contrário. Parece uma narração apressada, de uma geração que quer ler 40 livros em 1 ano pra resenhar no instagram e bola pra frente. Parece uma narração para pessoas que nem gostam de verdade de fantasia e só querem seguir a história como se estivessem maratonando uma série.

        Na verdade, para ser muito sincera, tirando a ideia base do livro, não teve um único ponto que eu tenha gostado. Esse livro me passa a impressão de ter sido escrito às pressas só para seguir uma linha de produção. E outro detalhe que senti sobre ele é uma falsa faixa etária. Todo mundo me falou, “se o livro está como V. E. Schwab é porque é pro público adulto, se está Victoria Schwab é pra criança/adolescente”, e isso te coloca numa perspectiva totalmente errada. Nunca li um livro “adulto” tão infantilizado na minha vida. Me parece que quem criou a faixa etária desta história é aquelas tias velhas conservadoras que se tem um tico de sangue e um tapa na cara já considera inapropriado. Ou talvez a pessoa tenha pensado na Sarah J. Maas que é só ter sexo que já é adulto?!

Se alguém tivesse me falado que Um Tom Mais Escuro de Magia era infanto-juvenil, para uma faixa etária de 11 anos, eu não teria ficado decepcionada. Porque sim, para mim a narração se assemelha a livros como “A saga de Darren Shan” e “O Pequeno Vampiro”, e nem diria que com mais sangue ou violência, porque são histórias com seus pesos de terrorzinho.

            Eu não sei qual foi o conceito de tabelar esse livro como adulto, é preciso de muito mais que uns ataques de espada e sangue pra considerar uma história adulta. E aliás, coisas como Cidade dos Ossos tem muito mais ação e sangue e nunca foi considerada ficção fantástica adulta, então realmente não sei qual foi o critério. Talvez apenas a vontade da autora da história dela ser mais madura do que realmente é.

            E por último, porque como eu falei, me decepcionei com tudo, é sobre os personagens. Você simplesmente não consegue se apegar a eles. Eles são rasos demais, mudam de personalidade e fazem coisas nas páginas seguintes que contradizem as anteriores. E quando eu digo “contradizem” não é no sentido “o humano é complexo e cai na hipocrisia” e sim uma construção falha de linearidade no desenvolvimento da história.

Se vocês acham que estou sendo hater demais, vão na Amazon, na versão em inglês do livro e cliquem nas avaliações de duas estrelas.... vocês vão ver que estou sendo até boazinha com o livro. Eu li totalmente me obrigando porque ganhei o 1 e o 2 de aniversário, e ainda me questiono se vou investir em tentar terminar. Provavelmente não.

            Ainda queria tentar ler outras sagas da autora, mas sinceramente, não sei se vou encontrar ânimo para isso. 

        Para finalizar de vez. Se você ainda está em dúvidas se vai ler ou não. Aqui vai um bom divisor de águas, se você já consome fantasia faz um tempo, já passou por escritores de grande renome e com grandes obras, tanto nos clássicos como Tolkien ou modernos como Naomi Novik você vai perder seu tempo e seu dinheiro. Se você nunca leu NADA de fantasia e prefere começar por história super leves e super rápidas no estilo infanto-juvenil, então TALVEZ seja uma boa escolha, mas eu ainda indicaria começar com coisas mais interessantes como Percy Jackson. Acho que só valeria a pena alguém pegar o livro se quisesse realmente tirar a prova da minha opinião se o negócio é ruim mesmo hahahaha. Eu sempre apoio a pessoa ir atrás das próprias conclusões, mas também prezo pelo tempo de vocês. 

                Até a próxima!

  

Sobre Ingrid Boni

Viciada em livros do mais diversos tipos. Porém especialmente apaixonada por fantasia e ficção histórica.

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