Oiee gente, da série “eu não deveria ter demorado tanto para fazer esse comentário” temos um super caso desse hahaha. Inimigo de Deus foi uma leitura 10/10 de 2022 para mim e ainda estou chocada o quão bom este livro é.
Esses
comentários conterão spoilers. Não curto muitoe escrever resenhas de
continuações porque geralmente só vai ler o segundo quem já leu o primeiro,
além de quê geralmente não tem porque ler uma resenha sem spoiler de uma
continuação. É mais legal comentar os acontecimentos para dar aquelas surtadas
com quem já leu. Mas bem, vamos lá.
O
segundo livro começa exatamente no mesmo ponto no qual acabou o primeiro, e eu
achei isso bem diferente, geralmente em trilogias vemos alguns pulos de dias ou
até meses/anos em cada livro. E esse é totalmente corrido.
Após a
batalha vencida, a história dá uma longa pausa de batalhas para que Derfel
possa sair na busca do Caldeirão que o Merlin tanto almeja para invocar os
Deuses. Sempre que estou para escrever alguma matéria gosto de ver vídeos de
outras pessoas, ver o que elas acharam, e notei que muitas acharam esse começo
tão arrastado ao ponto de querer parar de ler, mas eu diria que isso não
aconteceu nem um tiquinho comigo. Claro, o foco muda das batalhas para uma jornada.
Porém
tem TANTA coisa eletrizante nesse começo, CARAMBA, o que foi aquela fuga da
Ceinwyn para jurar amor pelo Derfel? Bem quando ela seria prometida ao
Lancelot. Caramba, eu fiquei eletrizada, de queixo caído – achei que de alguma
forma ele daria um jeito de viver um amor proibido com ela, mas não
simplesmente jurar amor eterno a ela (e vice-versa) na frente de todo mundo.
Além dela falar que nunca se casaria, que queria ser uma mulher livre também
foi muito bom. O primeiro livro tinha me “chateado” um pouco com o quanto as
mulheres só se fodiam, mesmo sendo historicamente coerente, e nesse segundo
livro o autor deu um jeito de introduzir um tico de “girl power” de maneira que
não parecesse forçado ou impossível de acontecer lá.
Mas
voltando a jornada do Caldeirão... eu adorei tudo nela, acho toda o debate com
religioso da obra bom demais. Quando vemos na escola a expansão do catolicismo
a gente fica pensando naquele típico massacre. E essa trilogia abriu meus olhos
– historicamente – para um contexto de dominação muito maior. Porque óbvio, os
massacres aconteceram e não foram poucos, mas todo o resto também é
interessante demais, a forma na qual os padres se aproximavam das pessoas, como
eles minavam em cada detalhe as religiões pagãs e os templos. Eu gostei das
batalhas, mas para mim todo o debate religioso é a cobertura do bolo – e o
romance a cereja – eu nunca gostei da atuação da Igreja católica e essa
trilogia reforçou meu asco hahaha. Além de que também não mediu palavras para
as coisas hediondas que as religiões antigas faziam.
Neste
livro Derfel também passa a ser “cuidador” de Mordred e fiquei bem dividida
sobre este personagem – claro, ele é detestável em todos os aspectos – porém dá
uma dózinha, o menino é muito fodido, vive apanhando e todo mundo queria ele
morto para o Arthur ser rei, não é de se duvidar que ficou um grandíssimo filha
da puta. E mesmo o Bernard Cornwell não focado muito nisso ele mostrou que nem
sempre é preciso escrever claramente e na lata o que está acontecendo, a gente
entende nos detalhes subentendidos – bem, quem presta atenção no que lê pelo
menos – e o Mordred é um super fruto podre de um ambiente de bosta feito
especialmente para ele.
Mas
com certeza um dos maiores tiros no peito desse livro foi Tristan e Isolde, Já
conhecia lenda deles, tem um filme de 2006 que eu amo, além de já ter lido
alguns livrinhos – a lenda original é muito mais mágica que a citada nesse
livro, além de ser um precursor da tragédia do Romeu e Julieta – nesse livro em
vez de ficar triste eu fiquei PUTA com o que aconteceu, meu amor pelo Arthur
foi ladeira a baixo. Ele já tava me irritando fazia tempo, mas essa foi para
acabar. É interessante ver como o Cornwell conseguiu colocar o personagem
“principal” em suas facetas de um personagem cinza, porque apesar de ser o
“amado Rei Arthur” das lendas, passei mais tempo com ranço dele do que
gostando. Diferente do Galahad e do Derfel que são dois impossíveis de odiar.
Da
metade para o final o livro fica cheio desses acontecimentos “chocantes” – o
que não me fez sentir falta das batalhas – o fato do Derfel ser filho do Aelle
já tinha ficado entrelinhas desde o primeiro livro, ainda assim a forma que a
história desenvolveu para a forma que ele descobriu, reencontrando a mãe já
louca, deixou tudo muito mais interessante. E aquela previsão sem pé nem cabeça
da Nimue se encaixou totalmente
Agoras
as duas últimas coisas que quero comentar – e prometo que já paro antes que a
matéria fique quilométrica é:
Eu
chorei novamente só de folhear o livro e relembrar toda a cena da morte da
filha da Derfel. Pelos deuses, aquilo arrancou meu coração em pedacinhos e mais
pedacinhos. Eu estava esperando a morte
de alguns personagens queridos, mas não ver tanto sofrimento do nosso querido
principal. A forma que tudo acontece e como é narrada a perda da filha é de
outro planeta. Chorei de soluçar nessa cena.
E
por último, e não menos importante, a traição de Guiniviere. Nunca tinha lido
outras narrativas do Rei Arthur, mas tinha a vaga ideia que nas outras obras
ela traiu Arthur por amor ao Lancelot, e no caso desse livro foi o anceio dela
de ser rainha, já que Lancelot queria ser rei, mas Arthur não. Isso foi
coerente com a mulher ambiciosa que ela é na história, não rebaixou ela a dama
burra apaixonada – apesar de ter sido uma escolha “burra” fazer aqueles rituais
– ela tinha um objetivo e tinha a espiritualidade dela.
Agora
eu já terminei de ler o terceiro livro também, e mesmo ele tendo sido
fantástico, o meu favorito da trilogia foi O Inimigo de Deus.
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