07 de dezembro de 2021
Depois do desastre que foi o
terceiro livro para mim, realmente não estava esperando nada demais nesse
spin-off. Mas por incrível que pareça ele foi agradável, principalmente porque
finalmente acabou aquela guerra hiper mal pensada e a autora focou no dia a dia
dos personagens, se preparando para comemorar o Solstício de Inverno, que do
jeito que colocou, com pinheiro e presentes, ficou basicamente o natal,
principalmente porque você acaba com aquele quentinho no coração de histórias
tipicamente natalinas.
Nada
nesse livro é “necessário”, o que dá certa liberdade para a autora de fazer
algo descontraído e de colocar coisas que não tiveram espaço nos livros com
enredos tão focados em ação e sexo, como por exemplo como funciona o ciclo
menstrual férrico e Feyre, Cassian e Azriel tomando as bebidas roubadas da
adega. Todas essas coisas “humanizou” mais os personagens, saindo do papel fixo
que eles vinham representando na história.
E claro, toda história boa de natal precisa
ter algo forte sobre família.
Todo
esse livro é sobre família e quero falar alguns pontos chaves.
O
primeiro é sobre a decisão de Feyre de ter filho. Lembram o que falei na
resenha de Corte de Asas e Ruínas? Do peso cristão na narrativa de algumas
autoras americanas desse gênero de literatura. Então, tá ai outra prova.
E
antes que me entendam mal, eu não sou team free kids, eu quero demais ter
filhos e vou adorar ver um neném nos próximos livros. Mas Feyre disse antes que
queria aproveitar uns bons anos da vida eterna antes de engravidar e no próximo
livro, pum, a força do amor do Rhysand faz ela querer emprenhar. Puta que
pariu, isso é uma ideia muito tradicional disfarçada. A ideia de que ver o fruto do
seu amor, do homem perfeito que você ama em um bebê é suficiente para lhe
trazer felicidade plena (além do marido transudo como bônus) é forçar a barra, e se encaixamos
isso no contexto norte-americanizado da coisa, daquela família perfeita com a
mulher em casa cuidando dos filhos perfeitos vindo do homem perfeito, então
sim, temos ai a ideologia da autora subentendida.
Outro
ponto que gostaria de falar é Mor, não lembro exatamente se a revelação
bombástica dela foi no terceiro ou nesse livro, mas como esqueci de falar na
resenha anterior, me sinto obrigada a comentar. Que plot terrível! 500 anos
fazendo os amigos de trouxa e judiando dos sentimentos de Azriel e Cassian
porque não queria contar que é lésbica? Caramba ein... A autora simplesmente
criou um universo de criaturas que vivem de transar com qualquer um e do nada,
a guria ser lésbica é um big deal. Além do mais, a autora destruiu uma
personalidade legal, a transformando numa cuzona que prejudica os outros pra
lidar com os próprios problemas. Sem contar que 500 anos foi um exagero poético
bem absurdo, olha quanta coisa a Inglaterra e a França fizeram numa guerra de
100, mas 500 anos pra não contar para seus amigos super apoiadores que está
fazendo eles de trouxa? Pra mim a personagem foi totalmente estragada.
E
em falar de personagem estragada, Nestha é uma pedra no sapato da história, ela
não tem consistência alguma. A questão não é ser chata, é legal ter personagens
anti-heroicos, é bacana ter personagens impossíveis de se gostar porque são
desagradáveis (tem gente na vida real que é desagradável, por que não nos
livros?), porém meu problema com ela é que a personalidade não segue uma
linearidade, como se nem a autora soubesse o que quer dela, o que provavelmente
talvez Sarah nos conte no próximo livro.
Eu
falaria mais desse livro, mas tenho que começar a escrever as resenhas logo que
termino os livros, porque acabo deixando muito detalhezinho passar. Esse é uma
prática para as próximas resenhas.
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