Um ótimo romance, uma fantasia um pouco estranha – Corte de Névoa e Fúria

 

Olá pessoar, continuando a falar dessa saga de livros da Sarah J. Maas, eu terminei o segundo livro em três dias, não que nossa, parabéns para mim, é uma leitura meio rápida, mas acabei engatando e devorando o livro.

                Esse segundo volume me fez questionar muitas coisas nessa história, e apesar de ter me distraído e adorado a leitura, confirmou minha teoria do primeiro livro de quanto mais você pensa, pior vai ficando. É um livro de prazer imediato e esvaziamento do cérebro.

                Aqui, Feyre está noiva de Tamlin, só que ele começa a agir como um namorado abusivo porque quer ela protegida, longe de problemas, de atenção, quer a esposa perfeita. Esse início foi uma das melhores construções que a autora fez, porque tudo aconteceu de uma forma bem natural e crível, não ficamos com uma impressão que a personalidade do Tamlin mudou drasticamente para se tornar o homem que prendeu Feyre. Quando você começa a juntar as peças do final do primeiro livro pro começo desse você repara que Tamlin sempre foi daquele jeito, sempre foi o estereótipo de macho alfa e a mudança de Feyre o desagradou.

                Feyre é salva do seu cativeiro por Rhysand, o que comprova o que eu disse sobre o primeiro livro que ele nunca foi o vilão, só fingia ser. Acho que o que me fez devorar esse livro foi a personalidade do Rhysand, ele foi construído pra ser aquele típico personagem que toda mulher gostaria de ter ao lado, atencioso, bonito, disposto a matar e morrer por você, amoroso até os ossos. E uma coisa que ressuscitaram dos mocinhos dos anos 40 e 50, um mocinho mais sarcástico e bad boy do que os dos mocinhos dos anos 90 e 2000. Se você compara Rhysand com o Rhett do Vento Levou você vê esse ciclo do retorno ao mocinho que parece canalha no começo.

                A autora soube construir muito bem o relacionamento dos dois e como Rhysand conquistou, sempre respeitando, o coração de Feyre. Mas ai, se você começa a caçar coisa, vai aparecendo os problemas cabulosos.

                O primeiro deles é a ideia que outro relacionamento te cura de um abusivo. Feyre diz diversas vezes que Ryshand salvou ela da escuridão. Imagino que há gente no mundo que se salvou de um relacionamento abusivo já com outro relacionamento, mas acho errado vender essa ideia que um homem pode te curar de outro. Digo por experiência própria, geralmente, quando você sai de um relacionamento abusivo e vai para outro esperando que a pessoa te cure, você machuca a outra pessoa, machuca mesmo, antes de “se curar”, porque na verdade a sua cura desse sentimento abusivo só vem de você e eu preferia mil vezes que Feyre tivesse encontrado nela, num arco totalmente sozinho, sua salvação antes de se apaixonar por Rhysand.

                E outra problemática no “amor salva” desse livro foi com o próprio Rhysand, vemos que ele tem traumas por ter sido estuprado e abusado psicologicamente por 50 anos Sob a Montanha por Amarantha, e a autora resume um trauma fodido desse em apenas a Feyre tocar com amor e o brilho dela na ruptura escura dele enquanto eles transam. Tipo, uma foda boa com a pessoa que você ama apaga 50 anos de trauma. Mano, isso é errado em tantas formas.

                As cenas de sexo nesse livro também estão num limiar que eu diria que são até engraçadas, algumas são bem legais, mas outras exageradas. Velaris acabou de ser destruída, um monte de gente inocente morreu, civis que Rhysand amava. Ai depois que eles terminam de limpar a cidade, o sangue e os corpos, eles vão lá e transam. Eu fiquei muito OI? Tipo PRA QUE cena de sexo naquela hora. Acho que não existe um pau normal que suba depois de limpar sangue de gente inocente.

                O livro vai ficando mais tosquinho conforme vai acabando, porque diminui o romance e aumenta a fantasia, o que totalmente não é o forte do livro. Todas as tramas envolvendo Hybern são fracas e o sequestro das irmãs então é bem duvidável. Que vilão jogaria a irmã da mocinha no caldeirão pra se tornarem duas imortais? Não era mais fácil ter matado uma e transformado a outra? Ou matar as duas e transformar um soldado das rainhas pra provar? Isso claramente foi para ter mais personagem pra escrever romance depois. Até porque a primeira coisa que a autora se preocupou em fazer quando Elain e Nestha saíram do caldeirão foi dar um parceiro para cada, Lucien para Elain e Cassian para Nestha.

                A única coisa verossímil nesse final foi Tamlin ter traído todos. Mas até os termos finais de Hybern de deixar todo mundo ir embora foi bem tosquinho. Tipo, vilão de meia tigela.

                Bem, como eu falei, foi um livro que eu gostei de ler, mas principalmente porque eu li rápido, sem questionar muito, só me deixando levar. Porque quanto mais eu parava para pensar nas cenas, piores elas iam ficando. E agora, quando fui escrever essa resenha, o livro pareceu dez vezes mais tosco do que quando o li duas semanas atrás. Mas vou continuar minha leitura da saga sem esperar muito.



Sobre Ingrid Boni

Viciada em livros do mais diversos tipos. Porém especialmente apaixonada por fantasia e ficção histórica.

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