Comentários: Corte de Chamas Prateadas

09 de março de 2022

Olá gente, fazia um tempo que estava devendo esses comentários, na verdade, tô devendo de váaarios livros, mas vamos aos poucos. 

    Hoje finalmente vou falar do quinto (contando o spin-off) livro da saga de Corte de Espinhos e Rosas. E olha, tenho coisa para falar ein, eu fui anotando cada detalhezinho que me incomodou, e foram vários. Não diria que foi um livro que DETESTEI, não, esse papel ficou com o terceiro livro. Hahahah, mas realmente toda a trama e montagem de enredo da autora deixa muito a desejar. 


    Diferente de outros comentários que já fiz, esse em específico vou dividir nos primeiros 50% e nos últimos. 

    Primeiros 50%

    Inconsistência 

    Essa seria a palavra principal para esse livro. E principalmente para o desenvolvimento dos personagens, Nestha entre eles. O crescimento dela não é linear ou complexo, só parece jogado. Uma coisa é quando entendemos que as pessoas têm seus altos e baixos, suas recaídas, seus momentos que não dá para pensar sempre no esforço de mudar, porém a autora não conseguiu passar essa ideia de complexidade para a personagem, para mim passou a ideia de falta de planejamento e vontade de alongar o livro desnecessariamente. 

    Em um dos capítulos, Nestha está treinando com Cassian, estendendo a mão para a sacerdotisa, tendo pensamentos de crescimento e até entendendo porque tudo aquilo está acontecendo, no outro destrata a Elain, tendo atitudes e falas como se tivéssemos voltado ao início do livro, perdendo o valor da leitura das 259 páginas nesse meio do caminho e deixando a narrativa muuuito mais enrolada do que já estava sendo. E aí no capítulo seguinte ela está discutindo com o Cassian de novo já com outra personalidade e dá um beijão nele e eles começam a se pegar e nesse mesmo capítulo ela ainda menospreza ele depois de fazê-lo gozar. 

O que mais me irritou em todas essas primeiras 277 é que o problema emocional e psicológico de Nestha é porcamente trabalhado e que não avança, me dando a impressão que estamos vendo duas personagens diferentes. 


Piroca como antidepressivo

Bem, isso já era um problema nos outros livros, mas nesse é bem escancarado. Nestha foi basicamente colocada em uma clínica de reabilitação forçada na qual os tratamentos são academia e sexo. Não que não sejam duas coisas que realmente ajudem, mas não trabalhadas da forma que foram nesse livro. A autora já tenta de maneira bem nhee mostrar o quão a Nestha está ruim, cometendo bolos, magoando os outros e a si mesmo. E a Maas até tenta colocar um pouco de amizade feminina nesse livro, mas se você lê com atenção, vê que isso não é o foco dos primeiros 50%, conseguimos ver claramente que a cura inicial da Nestha foi a piroca do Cassian e o contrário também acontece, pois há uma cena que Cassian está com a cabeça turbulenta, se sentindo mal e incapaz diante das atitudes de Eris e em vez de ela conversar e dar um apoio emocional e psicológico Nestha faz um boquete nele e tudo fica perfeito. O assunto não é mais nem citado no livro. 

A vida realmente seria mais fácil se uma foda resolvesse todos nossos problemas. 


Gravidez de risco. 

Pelos deuses, como começar falando dessa parte terrível?

Aqui a inconsistência pega firme. 

Não me incomodou muito à princípio o Rhysand esconder o fato da gravidez ser de risco enquanto tentava descobrir alguma forma de salvar a Feyre. O que me incomodou foi ele colocar ela praticamente numa prisão domiciliar desde que soube da gravidez. Não aquela parte do escudo porque fazia sentido pelo cheiro, mas o jeito que deixou ela presa. Sem contar que nos livros anteriores a autora vende a ideia que Rhysand e Feyre são super pra frentex pra no final Feyre ficar como a dona de casa, que pinta e cuida de filho enquanto ele é o político importante. 

Outra coisa é que Rhysand virar o macho controlador escondendo as coisas dela nem é o pior de tudo, e sim que TODOS da história concordaram em esconder, até Elain e principalmente Nestha que tem uma personalidade que não combina naaaada com isso. 

Além de que é um problema bem xoxo né? Eles falam que ela não pode se transfigurar durante a gravidez porque pode matar a criança, mas até aí, era só transfigurar segundos antes do parto. 


    Elain x Nestha 

    Não sei se a Sarah J Maas teve alguma irmã que era favorita e resolveu descontar em uma personagem. Porque é até sem graça o quanto ela se esforça para rebaixar a personalidade e as atitudes da Elain perante a Nestha e a Feyre. O momento que Elain fala de ir atrás do Caldeirão e também fala que Nestha só pensa no trauma da irmã em uma perspectiva individualista são as únicas cenas legais da personagem em todos os livros de ACOTAR até agora. E olha, em comparação com a Nestha eu gosto muuuito da Elain, acho que ela tem uma personalidade bem legal para se trabalhar numa escrita sensível, mas duvido que Sarah faça isso. 

    Inclusive é nojento a forma que foi colocado de como Nestha pensa em Elain como um cachorrinho e uma menina de porcelana. 


    Vergonha alheia. 

 WTF aquela cena do Cassian metendo um beijo pornô na Nestha na frente de TODO mundo? O que os outros livros têm de cenas românticas fofas entre Feyre e Rhysand, esse tem de bizarro e vergonha alheia. Como se ela tivesse desistido de escrever romance fantástico e assumisse um papel de comédia pornô. 

Todo o livro ficou beem forçado nessa questão do sexo. 


Narração blé

Um grande problema quando você lê essa série com um olhar crítico é que você começa reparar como ela é má escrita, sendo este volume um dos piores. 

Primeiro há uma coisa que ela faz em todos os livros, repete muita palavra e não tem uma escala de melhor pra pior, mais bonito para o mais feio e por ai vai, TUDO que ela descreve é "o mais bonito", "o mais forte", "o mais escuro", "o pior lugar do mapa". Nada fica com diferenciação, isso dá um ar de conto infantil, pois tudo é ao extremo. 

Já sobre a repetição de palavras... eu queria arrancar meus olhos de tanto “primordial”, “crucial” e “primitivo” que ela usava. Sério, é MUITO repetitivo, e tem várias palavras, mas essas foram as que mais me marcaram. É de uma pobreza de vocabulário absurda.

    E por último, uma coisa que foi específica desse livro foi a narração em terceira pessoa que ficou péssima de tão mal feita. Parece que ela não sabia como fazer uma narração em primeira pessoa da Nestha, mas também lhe faltou experiência para a 3ª, pois ela descreve com algumas falas intimas e sentimentos que realmente fica parecendo em primeira, mas depois você lembra que não é. É uma terceira pessoa fajuta. 



Últimos 50%

    Bem, eu sei que a matéria já ficou gigantesca (principalmente para um livro tão abaixo da média), mas prometo que estou quase acabando, até porque achei a segunda parte melhorzinha. 

    O principal ponto de desagrado foi ainda o avanço demorado do enredo e da personalidade da Nestha. Primeiro porque depois de repetir a exaustão a intensão de se envolver apenas sexualmente, você espera que na segunda parte do livro a história entre os personagens irá avançar, mas não, a gente passa um bom tempo dessa segunda parte ainda sem desenvolvimento algum, ainda com aquele lance de “ai, vai ser só sexo” pra só lá na página 622, mais ou menos, ter aquele capítulo do lago e do naaada ela ter uma mudança de personalidade. Tipo, não foi algo contínuo a mudança, até o capítulo do lado a autora batia em uma tecla e já depois do lago passou a bater em outra, como se a personalidade de alguém fosse uma chavinha que muda num instante. 

    Isso tudo para lá na página 754 a Nestha falar que ela não conseguia ficar sem Cassian, que se masturbar sozinha não era o suficiente. Eu fiquei ??? porque você lê 754 FUCKING páginas da Sarah tentando desenvolver ela de uma maneira forte e independente pra soltar uma dessa. Além de no final cair naquela ladainha de ela falar que talvez queira filhos com o Cassian. 

    Não existe no mundo da mulher branca (e religiosa) americana a mulher que não queira um homem possessivo que a ame e uma família que não seja composta pelo padrão feliz dos filhos. A construção da personalidade da Nestha não se encaixa nada como uma mulher que quer ser mãe, mas no final, lá está ela tendo um casamento frufru e alterando o corpo dela para poder parir várias criancinhas com asas. Pelos deuses, esse final foi muito brochante no desenvolvimento da personagem. 

    E agora para encerrar vou fazer pequenos itens de coisas que não quero me alongar muito:

    - O arco do Rito de Sangue foi muito bom, uma das únicas coisas realmente legal de se ler nesse livro;

    - A relação da música e da dança com a Nestha também foi boa, porém podia ter sido trabalhada melhor;

    - Nestha enche o saco para as sacerdotisas irem treinar e depois larga mão, não conversa com elas ou dá outro apoio, simplesmente joga elas pro Azriel e deus que olhe. Isso foi porcamente trabalhado dentro da narrativa, meio que “girl power que se foda, tenho 2 melhores amigas agora e uma piroca grande pra sentar”; 

    - Amren mudou totalmente de personalidade, está absurdamente escrota e só confirma minha teoria que ela deveria ter morrido no final do terceiro livro, porque parece que essa sobra dela na história só serviu para a autora desfigurar a personalidade dela pra ter um papel novo na história. 

    - Eu diria que todo o lance da meditação no livro (silenciamento mental) foi mal trabalho e até desrespeitoso com quem medita de verdade. Tem um momento que a autora compara a meditação com a sensação do pós-sexo, eu achei isso bem desnecessário. 

    E agora, para encerrar totalmente, que os deuses me acudam com aquele extra do Azriel. Estou até com medo do próximo livro. Acho que a autora vai fazer tudo que eu não quero ver no livro, mas vou fazer uma postagem específica sobre isso ainda essa semana, então aguardem! 

    Espero que tenham gostado do comentário e desculpe ficar tãaao longo! Até a próxima! 

Sobre Ingrid Boni

Viciada em livros do mais diversos tipos. Porém especialmente apaixonada por fantasia e ficção histórica.

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