Resenha: Uma Bruxa no Tempo

02 de fevereiro de 2022

            Olaa gente, não sei se já comentei aqui no blog, mas quando eu coloco que é “comentários” o conteúdo terá spoilers, já as resenhas serão totalmente sem!

            Pois bem, Uma bruxa no Tempo, primeiro livro de Constance Sayers, foi uma surpresa para mim no final do ano de 2021, comprei porque achei a resenha na capa interessantinha e eu queria comprar algo da Editora Trama, não esperava mesmo um livro que fosse me prender tão rápido.

            Tudo começa quando Helen Lambert, editora de uma revista famosa, marca um encontro às cegas com Luke Varner, conhecido de um amigo seu. Porém algo muito estranho acontece e Luke diz já conhecer ela por muitos e muitos anos, o que não faz sentido nenhum, mesmo que realmente sentisse que já o conhecia. Depois desse encontro, Helen começa gradativamente se lembrar de suas vidas passadas e ela precisará juntar as peças de porquê tudo isto está acontecendo.

            Helen Hebert se recordará de três vidas passadas, uma jovem de 16 anos na França no século 19 (Juliet LaCompte), uma atriz de Hollywood na década de 1930 (Nora Wheeler) e uma musicista na década de 1970 (Sandra Keane). As narrações se alternam por capítulo, sendo que os capítulos da Helen são em primeira pessoa e os de suas vidas passadas em terceira (achei isso genial, porque deu a impressão de Helen estar assistindo junto conosco os acontecimentos).

            O livro é adulto e eu particularmente não curto essas coisas de “ai, tem que avisar que tem gatilho pra estupro, depressão, etc etc”. É uma história adulta (e isso não quer dizer que tenha sexo) então óbvio que vai mostrar coisas que acontecem de ruim na vida das pessoas. Cada uma das antigas vidas de Helen passou por situações difíceis que mulheres sofriam nas respectivas épocas, cada uma tem de certa forma sua história de amor e tragédia.

            A autora não é absurdamente descritiva, não se atenta a detalhes muito amplos de cada época e é até um pouco repetitiva nas descrições dos locais, porém esse totalmente não é o foco do livro, por isso não incomoda. Ela te dá informações breves para você se localizar, mas o que importa mesmo neste livro é o desenvolvimento das personagens como indivíduos separadas e também como um todo, porque ao mesmo tempo que Helen precisa descobrir o porquê de estar vendo suas vidas passadas, ela também entra em uma jornada de autoconhecimento. Cada vez que volta de seus sonhos, um pouco de cada uma de si do passado se torna ela, até um momento que Helen também é Juliet, Nora e Sandra ao mesmo tempo que consegue analisar onde cada uma errou e o que elas têm de diferente.

            Eu curti muito isso por que ele não desvalida os detalhes da época. Não vou negar que os capítulos da Juliet são desconfortáveis porque é uma criança de 16 se relacionando com um adulto e no começo, se você não presta atenção, você acha que a autora está concordando com isso, mas ai voltamos para Helen e percebemos que nem ela gosta disso, mas afinal, era o século 19, isso acontecia e não dá para fingir que não. Além de que Helen não deixa de ser ela mesma conforme a história avança, ela só vai se construindo.

            E por último, o que é bem legal, é que cada uma das “helens” tinha uma relação com alguma arte e também com a música. Além desta segunda, Juliet com a pintura, Nora com o cinema e Sandra com fotografia.

            Conforme eu lia este livro pensei que é uma boa porta de entrada para a pessoa que gostaria de saber se quer ler Outlander, porque é uma leitura amenizada de algo parecido. Primeiro que Uma bruxa no Tempo é volume único e pelos deuses, que delicinha, em um mundo que toda fantasia virou trilogia é bom de vez em quando algo com começo, meio e fim num livro relativamente curto. Segundo, como Outlander, não é uma FANTASIA, mesmo com essa questão da vida passada e dela ser uma bruxa (o spoiler tá no título) não é uma coisa muito trabalhada pelo limite do tamanho da história. E talvez, o que esse livro tenha de menos em relação a Outlander é o próprio romance.

            Eu não chamaria Bruxa no Tempo de ROMANCE, a história gira em torno de um romance, mas é muito mais sobre a história de cada vida do que sobre aquela sensação romântica e por mais que isso pareça um ponto negativo para quem esperava esta trama, eu achei bem legal e diferente o foco do livro.

            Recomendo demais a leitura e já quero que a Editora Trama traga o próximo da autora. 

Sobre Ingrid Boni

Viciada em livros do mais diversos tipos. Porém especialmente apaixonada por fantasia e ficção histórica.

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